Saturday 7 April 2018

Debate de segunda-feira (09/04) – Opening Statement a favor de uma Gendered/Racialized Voice na literatura

A literatura, como sabemos, está dividida nos mais diversos géneros. Os géneros literários servem, na sua conceção original, para agrupar e categorizar os textos com base na sua construção e/ou temática geral. No entanto, nos tempos que correm, verificamos a emergência de novos tipos de géneros e subgéneros literários que, de forma mais específica, reúnem textos de acordo com o assunto que tratam. Destacam-se alguns como, por exemplo, a literatura queer, a literatura racial ou a literatura feminista. Esta subcategorização de textos é muito discutida mas é, sem dúvida, benéfica para as minorias que, até então, se viam privadas de uma representação adequada na literatura ou cuja exposição era limitada ou de difícil acesso. Não se trata de dividir o mundo intelectual/artístico, mas sim de criar uma literatura mais inclusiva e representativa que dá voz a todos.

Nós somos a favor desta representação na literatura. Achamos que é necessário haver uma representação real de um ponto de vista que não é só o ponto de vista privilegiado; ou seja, o ponto de vista do homem branco de classe média. A história não acontece só de um ponto de vista, logo não deve ser contada/ representada só de um ponto de vista. Esta ideia vem na defesa da individualidade na literatura, sem suprimir a liberdade de expressão de cada escritor ou a liberdade interpretativa de cada leitor e lutando por textos mais precisos e exemplificativos das diversas realidades sociais de cada período histórico.

A literatura, tal como outros tipos de arte, é criada num contexto histórico, sendo influenciada por este. Assim sendo, ignorar a voz das mulheres e/ou de outras etnias limita a nossa perspetiva. Como escreveu Hélène Cixous em The Laugh of Medusa: “Woman must put herself into the text – as into the world and into history.” O uso de uma voz específica torna-se, desta perspetiva, crucial para a compreensão de um grande número de obras cuja leitura é variável de acordo com a voz que as enuncia.

Posto isto, será que o nome na capa de um livro influencia a nossa leitura do seu conteúdo? Será correto escrever sobre uma realidade com a qual não se contacta? É a perguntas como estas que nos propomos responder. No entanto, uma coisa é certa: Sem uma conceção diversa corremos o risco de criar falsas representações, que não ilustram adequadamente a realidade. Tal como nos diz a teoria de Edward Said sobre o Orientalismo, em que o Ocidente criou uma imagem do Oriente do seu próprio ponto de vista.

Este e outros casos mostram a necessidade de vozes plurais na literatura.

Cláudia Martins
Cristiana Correia
Nuno Couto

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