Sunday 6 May 2018

Linda Hogan (1947)

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4 comments:

  1. Uma passagem que me chamou particular atenção na leitura de Hogan situa-se perto do meio do poema. É interessante que a peça que a autora leu contenha diferenças da versão do mesmo poema que podemos encontrar em The Poetry Foundation, pois enquato que a autora lê "They divined the red shadows of leeches / that swam in bowls of water (...)", na versão transcrita (e, suponho, reescrita) do poema lê-se "They divined the red shadows of leeches / that swam in white bowls of water." Ao qualificar como branco o recipiente que contém e torna possível o vermelho titular (não simplesmente uma taça, mas uma taça branca), o poema permite-nos continuar a construir uma leitura de certa forma naturalizante da carga tendencialmente negativa da cor vermelha. O vermelho surge e é moldado pela presença de elementos que lhe são opostos. “Red”, aqui, é associado a guerra, dor, fome e é dado como responsável pela pulsão que culmina na morte. Ainda assim, é indissociável dos outros elementos que compõem, neste caso, a experiência humana (seja o que for que ela signifique). O vermelho associado ao sangue é uma qualidade essencial da memória (“(...) who remember caves with red bison / painted in their own blood / after their kind.”): foi criado após os elementos dados como naturais (a terra, a água, a floresta), no mesmo momento em que se cria a humanidade. Servindo de contraponto a uma categoria geral de “bem”, o vermelho “mal” (ou, pelo menos, menos bom), torna-se desejável, por permitir simbioticamente a concretização de experiências positivas.

    (Hogan, Linda. 1993. “The History of Red” in The Poetry Foundation. Available online at: https://www.poetryfoundation.org/poems/55705/the-history-of-red. Accessed 6 May 2018.)

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  2. Melanie Rodrigues6 May 2018 at 15:45

    Linda Hogan mostra-nos a importância de voltar às coisas básicas que a Terra tem para nos oferecer. De acordo com a escritora devemos voltar à natureza, ao ar, ao fogo, à agua, aos animais, a tudo o que tomamos como garantido. Devemos interpretar o que estas coisas dizem de uma forma que nos permita comunicar com elas. Devemos tratar destas coisas e cuidar delas como se fossem os nossos filhos para continuarmos a ganhar constantemente este privilégio de viver. São tópicos que ainda não tínhamos abordado no que temos lido até agora. Para além disso remota a valores que há muito tinham sido extinguidos da América moderna. Remota a valores e ideais pertencentes à comunidade nativo-americana. Isto pode ser explicado com o facto da própria poeta ser descendente desta comunidade e portanto sente uma necessidade de voltar às suas origens, isto é, ao início da sua própria vida e mesmo de todas as vidas que pisam aquele continente. Mais ainda, temos também claramente uma temática em destaque na sua escrita, sendo essa a do instinto materno, algo que está evidenciado com o facto desta nos impor uma grande responsabilidade relativamente à maneira de como cuidamos desta Terra, desta nossa casa.

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  3. A presença da natureza aparenta ser a base ou uma das bases em ambos os poemas de Hogan; o indivíduo humano aparece não como foco principal mas como parte deste mundo, desta natureza.
    À primeira vista, os poemas podem transmitir uma ideia de suscetibilidade e vulnerabilidade por parte do ser humano como vítima neste mundo. Porém, com o avançar dos mesmos, é clara a importância que temos que dar à parte "mais natural da natureza", isto é, que o ser humano não é a vítima mas sim quem deve agir, proteger e criar.
    Hogan parece querer mostrar a importância de viver a vida "no fogo" para que não sobre nada para a morte ("in order to live so nothing will be left for death").

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  4. Em 'The History of Red' a experiência de ser humana é apresentada como imensamente sintetizado, mas também como o desejo de destruir e conquistar é inerente. Apesar das referências à vida menos primitiva (soldados e doutores - e estes mesmos são posições especializadas estabelecidas na sociedade muito cedo), o poema se preocupa com forças vitais e universais da vida, mas as imagens violentas são profusas. A repetição e motivo de vermelho ajudam o movimento coesivo de poema, para criar uma visão de humanidade visceral. Embora vermelho (simbolizando a vida humana) ultrapassando a terra preta seja uma imagem negativa de destruição e ocupação (com a terra 'turned inside out / by a country of hunters'), também a força de terra parece inerentemente ligada aos nossos ritmos e substâncias biológicos, visível em 'the human clay / whose blood we still carry / rose up in us'.

    Quero comparar este poema com a perspetiva do excerto de Dwellings, 'What Holds the Water, What Holds the Light', onde a vida humana situa-se em oposição ao poder de terra também. Nos exemplos múltiplos dados, a rotura da vida humana da terra é apresentada em atos destrutivos, que viola natureza sagrada. As descrições vividas dos efeitos de 'far hearted thinking' por exemplo em 'The fish that survived were motionless, shocked, gill slits barely moving, skin hanging off the wounds' em justaposição com a magia do mundo natural (muitos vezes descritas numa maneira personificada para amplificar reposta emocional), formam uma chamada forte para considerar a nossa relação com o universo natural. Enquanto o elemento didático neste texto é mais claro que no primeiro, a tema abrangente de uma religação a terra e redescobrimento do mundo natural se não queremos que 'this land will not support us, will not be hospitable, will turn on us', um paralelo com ao fim apocalíptico projetado no poema dos fogos consumindo tudo 'so nothing will be left / for death at the end.'

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