Thursday 10 May 2018

"Can't and Won't" de Lydia Davis




 


colectânea de contos de Lydia Davis "Can't and Won't" apresenta diversos textos de enorme variedade relativamente aos recursos estilísticos e narrativos utilizados. Na próxima aula, dia 14 de Maio, irei ler o conto "A Story of Stolen Salamis", integrante desta obra. Até lá, coloco duas questões que exploram assuntos apresentados no texto e na obra:

1 - No conto, é dada uma determinada importância à diferença entre os termos "sausages" e "salamis". Qual a razão que justifica esta necessidade de diferenciação por parte das personagens?

2 - Ao longo dos textos lidos da mesma obra da autora, é evidente a dimensão dada às palavras nos seus contos. A que outros textos se pode recorrer para evidenciar esta pertinência desenvolvida em torno das palavras nas suas histórias?


Mariana Freire

2 comments:

  1. Muitas vezes, quando as histórias vão sendo contadas, perde-se o singular e fica o geral, o que tira significado às mesmas. Ao banalizar o tipo "salamis", tratando-o por "sausages", a notícia parece querer apenas contar uma história interessante mas sem ter a preocupação de contar, de facto, o que realmente aconteceu. A necessidade de diferenciação deve aparecer precisamente para mostrar o que escolha de palavras pode alterar. Assim, o proprietário insiste na diferença entre as duas palavras pelo peso que estas podem carregar e pelo significado que podem transmitir: a palavra "sausages" engloba vários tipos de carne, generaliza o que poderia ser particular; "salamis" reforça todo o processo por detrás/ todo o trabalho que foi roubado.

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  2. SUSIE BROWN WILL BE IN TOWN

    ‘Susie Brown will be in town. She will be in town to sell her things. Susie Brown is moving far away. She would like to sell her queen mattress. Do we want her queen mattress? Do we want her ottoman? Do we want her bath items?
    It is time to say goodbye to Susie Brown. We have enjoyed her friendship. We have enjoyed her tennis lessons.’

    Neste pequeno conto, a importância dada à palavra ultrapassa os limites do significado, do contexto e da própria história. A palavra é o novo recurso estilístico para Lydia Davis, representa os limites não-fechados do elemento mais básico da narração. Por simples, intende-se forte. A dimensão vazia das palavras ‘town’ e ‘Susie Brown’ dialoga com a rima palpitante que lhes pode ser aferida. Não querendo isto dizer que a rima é importante para Davis, o que importante, sim, é a palavra. O elemento mais subjectivo da narração, potente ou ausente para quem lê e conformo o começa a ler, que se circunscreve à sua origem de importância. Cada palavra do seu conto aparece como que isolada, sugerindo a importância vital de cada uma para o todo narrativo. O quotidiano de ‘Susie Brown’ apenas surge como pretexto para elevar a estrutura simples da prosa como autenticação do seu projeto narrativo. Contos, curtos, sem free-association, e com o propósito de fortalecerem as palavras que representam.

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