Thursday, 20 November 2014

Memória Descritiva do processo de composição do poema "Naturalmente ao Contrário" (de Cláudia e Christian)


Título – “Naturalmente ao contrário”, tem um significado muito simples e está directamente relacionado com a obra, com o personagem Billy e com a cena aqui retratada.
“Naturalmente” refere-se ao estado débil de saúde de Billy. Billy, tendo problemas do foro psicológico, devido ao trauma que a guerra lhe causou, acaba por fazer coisas que outros personagens, estando mentalmente saudáveis, não fazem. Uma dessas coisas é quando Billy decide visualizar um filme que tinha visto. E como é que Billy visualiza o filme? Visualiza-o ao contrário. Para ele, é natural fazer tal coisa. Para nós, não. Quando vemos um filme, fazemo-lo pela ordem que o vimos, nunca o vamos visualizar do fim para o início. Daí termos utilizado o advérbio “naturalmente”.
Em relação ao uso da palavra “contrário”, tem a ver com o que já explicamos acima. Ele visualiza o filme de trás para a frente, logo ele visualiza o filme ao contrário.
1ª Estrofe, 1º e 2º Versos
Através dos dois primeiros versos explicamos que o poema que se segue será, tal como o que acontece no livro, uma cena passada do fim para o início.
“Ocorrem, em sentido inverso, / As imagens já passadas” – vamos contar algo que vimos, pelo fim. É isto que o personagem Billy faz na cena. Ele vai ver o filme do fim para o início. – A passagem onde esta cena acontece na obra é a seguinte: “It was a movie about American bombers in the Second World War and the gallant men who flew them. Seen backwards by Billy, the story went like this:” (página 38, linhas 10-11)
1ª Estrofe, 3º Verso
Este verso não tem qualquer ligação com a cena do livro porque na obra esta cena é retratada em narrativa. Este foi um verso que acrescentamos para dar a ideia de que vamos apenas resumir a cena da obra, vamos recriá-la da forma que achámos mais adequada.
1ª Estrofe, 4º Verso e 2ª Estrofe, 1º verso
Este é o primeiro verso que começa a descrever o que se passa no filme que Billy está a rever mentalmente. Na obra está escrito o seguinte: “American planes, full of holes and wounded men” (página 38, linha 12). A primeira imagem que nos veio à mente foi uma farda ensanguentada. O verso seguinte, “corpos, sem dono, abandonados”, tem a mesma inspiração. Eram meros objectos que foram derrubados pelo inimigo e agora jazem naquele sítio e dali não irão sair mais. De homens passaram a nada.
2ª Estrofe, 2º Verso
“Balas que sobrevoam o chão” – remete-nos para a seguinte descrição: “sucked bullets and shell fragments” (página 38, linha 14). O mesmo processo que foi usado na obra está a ser usado aqui. É uma imagem vista do fim para o início.
2ª Estrofe, 3º e 4º Versos
“Meninos que aqui foram deixados / Nada mais que carne para canhão”
Estes dois versos não têm uma ligação directa com a cena mas sim com a obra no geral. Na parte em que usamos a palavra “meninos”, estamos a referir-nos a um dos principais temas debatidos na obra que é o facto de para a guerra serem levados jovens / crianças. O 4º verso está direccionado para o que se passa na guerra e está directamente relacionado com o 1º verso desta mesma estrofe. Aqueles meninos que iam para a guerra eram objectos de combate e quando morriam no meio destas explosões e ataques eram simplesmente substituídos por outros meninos.
3ª Estrofe
Esta estrofe está relacionada com a cena em que Billy começa a chegar, digamos, a meio do filme e os corpos que estavam deitados e as balas que estavam no ar começam a recuar no tempo e começam a regressar ao seu lugar de partida. “Over France a few German fighter planes flew at them backwards, sucked bullets and shell fragments” (página 38, linhas 13-14).
4ª Estrofe
“Bombas que deixam de o ser / Aviões retornados às suas bases” – estes dois versos remetem para o seguinte passo; “When the bombers got back to their base, the steel cylinders were taken from the racks and shipped back to the United States of America, where factories were operating night and day, dismantling the cylinders, separating the dangerous contents into minerals.” (página 38, linhas 25-27) – esta passagem remete-nos para a construção das bombas. As bombas que já tinham explodido voltam para o sítio de onde vieram e, a partir daí, são levadas para o seu local de construção.
“Hoje há um belo amanhecer / Dias assim na guerra são fugazes” – estes dois versos não têm nenhuma ligação à cena que se está a passar no filme, porém, na nossa opinião consideramos ser uma boa forma para terminar o poema. Tendo em conta que tudo volta ao seu início, os homens que estavam mortos voltam à vida, as bombas que foram explodidas voltam às fábricas onde foram feitas, logo o dia volta ao seu início.
O último adjetivo, “fugazes”, no fundo, remete para todo o poema. Os dias que, aparentemente serão calmos, são fugazes – como vimos aqui – os soldados acordaram, acreditaram que ia ser um dia sem qualquer conflito e umas horas mais tarde estavam a ser bombardeados e baleados. Na guerra nunca se sabe quando ou o quê irá terminar. Tudo é fugaz na guerra – a felicidade, os dias sem conflitos e a vida.

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