Ser Ético é
estar em conformidade com padrões reconhecidos de comportamento social ou
profissional. Esses padrões são definidos com base nos conceitos de correcto e errado por uma sociedade e definem as regras e valores morais da mesma. Logo, limites éticos são as
regras que se devem seguir para não se desviar da moral imposta pela cultura
que as criou e definiu.
Somos produtos e produtores da cultura, o que significa
que somos influenciados pela cultura em que vivemos e influenciamos
simultaneamente as pessoas à nossa volta. Qualquer cultura não é senão a
assimilação e mistura de diferentes tradições entre as pessoas.
Apesar dos limites éticos, a arte é uma forma de
expressão e, como tal, qualquer regra sobre a sua criação e distribuição deve
respeitar o artigo nº. 19 da Declaração de Direitos Humanos que declara que “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o
que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de
procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e
ideias por qualquer meio de expressão.”
Se começarmos a impor limites às criações do artista,
estaremos a reduzir a sua capacidade de expressão e, portanto, a limitar a
representação do mundo real, porque o mundo é feito de pessoas diferentes, com
opiniões e perspectivas diferentes. Ao proibir certas pessoas de expressarem os
seus pensamentos e comentários sobre um tópico, limitamos as diferentes
opiniões e perspectivas sobre assuntos que provavelmente devem ser discutidos.
Além disso, determinar a cultura como um tipo de
propriedade que têm dono é bastante problemático e, muitas vezes, diversas vozes são silenciadas. No entanto, os artistas são ousados nas suas criações, agindo para
além do medo de ofender os “donos” de uma cultura. Tentar compreender o caminho
de outras subjectividades, outras experiências, é um acto de urgência ética.
Se os artistas forem impedidos de criar personagens com
atributos que não “possuíssem” (etnia, sexo, orientação sexual, crenças
religiosas, entre outros), obras de arte fictícias e imaginativas seriam
impossíveis. Trespassar dentro do “outro” é uma fundação do trabalho dos
artistas. Devem estes restringir-se para evitar ofender aqueles que se
identificam com o que é retratado na sua arte? A imposição de abstenção da
“apropriação cultural” parece uma tentativa de censura, ou, na melhor das
hipóteses, um aviso para a autocensura, uma violação da liberdade criativa em
que um grande número de pessoas diz acreditar.
Existe também outro lado sobre esta questão, o artista não
deve ser obrigado a reprimir o seu lado imaginativo, que se estende além da
realidade. A arte não tem que representar a realidade porque a criação e a
imaginação são dons da humanidade, proibí-los é ir contra o nosso próprio
legado.
Em conclusão, a arte prova que a humanidade pode criar a
partir do que existe e do que não existe. É a imaginação humana que nos dá
empatia e nos faz agir e inventar em nome de outros. E os artistas e a sua arte
não podem fazer isso se forem constrangidos por limites éticos.
Por: Mariana Mendonça
Mariana Freire
Rafael Galrão
https://www.youtube.com/watch?v=43gm3CJePn0
ReplyDeleteDeixo aqui a música "I'm not Racist" do rapper Joyner Lucas para quem possa ainda não ter ouvido