A literatura, como sabemos, está
dividida nos mais diversos géneros. Os géneros literários servem, na sua
conceção original, para agrupar e categorizar os textos com base na sua
construção e/ou temática geral. No entanto, nos tempos que correm, verificamos
a emergência de novos tipos de géneros e subgéneros literários que, de forma
mais específica, reúnem textos de acordo com o assunto que tratam. Destacam-se
alguns como, por exemplo, a literatura queer,
a literatura racial ou a literatura feminista. Esta subcategorização de textos
é muito discutida mas é, sem dúvida, benéfica para as minorias que, até então,
se viam privadas de uma representação adequada na literatura ou cuja exposição
era limitada ou de difícil acesso. Não se trata de dividir o mundo
intelectual/artístico, mas sim de criar uma literatura mais inclusiva e
representativa que dá voz a todos.
Nós somos a favor desta
representação na literatura. Achamos que é necessário haver uma representação
real de um ponto de vista que não é só o ponto de vista privilegiado; ou seja,
o ponto de vista do homem branco de classe média. A história não acontece só de
um ponto de vista, logo não deve ser contada/ representada só de um ponto de
vista. Esta ideia vem na defesa da individualidade na literatura, sem suprimir
a liberdade de expressão de cada escritor ou a liberdade interpretativa de cada
leitor e lutando por textos mais precisos e exemplificativos das diversas
realidades sociais de cada período histórico.
A literatura, tal como outros
tipos de arte, é criada num contexto histórico, sendo influenciada por este.
Assim sendo, ignorar a voz das mulheres e/ou de outras etnias limita a nossa
perspetiva. Como escreveu
Hélène Cixous em The Laugh of Medusa: “Woman
must put herself into the text – as into the world and into history.” O
uso de uma voz específica torna-se, desta perspetiva, crucial para a
compreensão de um grande número de obras cuja leitura é variável de acordo com
a voz que as enuncia.
Posto isto, será que o nome na
capa de um livro influencia a nossa leitura do seu conteúdo? Será correto
escrever sobre uma realidade com a qual não se contacta? É a perguntas como
estas que nos propomos responder. No entanto, uma coisa é certa: Sem uma conceção
diversa corremos o risco de criar falsas representações, que não ilustram
adequadamente a realidade. Tal como nos diz a teoria de Edward Said sobre o
Orientalismo, em que o Ocidente criou uma imagem do Oriente do seu próprio
ponto de vista.
Este e outros casos mostram a
necessidade de vozes plurais na literatura.
Cláudia Martins
Cristiana Correia
Nuno Couto
No comments:
Post a Comment